terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Valha-nos a “sopa de tomate” e pouco mais para animar a quadra natalícia em Marvão

Por Teresa Simão




A convite do Centro Cultural de Marvão e integrado no programa de Natal dinamizado na freguesia de Santa Maria, no domingo à noite, dia 27 de dezembro atuou em Marvão o Grupo Coral de Fronteira.

Numa típica noite de inverno, fria e bastante ventosa, a animação das gentes do “vizinho” concelho de Fronteira ajudou a aquecer os presentes e garantiu boa disposição durante o serão. De lamentar, no entanto, que tanta gente se tenha deslocado graciosamente a Marvão para animar os munícipes e os marvanenses não tenham correspondido em maior número ao seu esforço e dedicação, optando pelo recato dos seus lares em vez de aproveitarem as poucas iniciativas que surgem nesta quadra festiva. Sim, porque se não fossem as associações a traçar um programa para esta época do ano, em Marvão o período do Natal e de fim de ano não passaria de mais um igual a tantas outros, sem praticamente animação nem iniciativas para cativar e fixar quer os residentes, quer os turistas.

Por todo o lado abundam programas culturais alusivos ao Natal e às celebrações do ano novo, são dinamizadas pelas autarquias múltiplas iniciativas para celebrar esta quadra festiva e promover animação tanto para os filhos da terra, como para aqueles que a visitam. Em Marvão, para além de uma simbólica iluminação e do mercado de Natal (depois de muita pressão dos produtores), pouco mais foi planeado. Na verdade, no nosso concelho já nos vamos habituando a não contar com nada de novo, o que também tem contribuído, a meu ver, para a desmotivação dos marvanenses em aderir ao pouco que ainda existe.

Mas voltando ao Grupo Coral de Fronteira, com apenas um ano de existência, este grupo de quase 30 elementos trouxe a Marvão músicas típicas do Alentejo e um já vasto reportório próprio, imaginado por um dos seus elementos, o simpático senhor Machado. Entre as canções inéditas, eis que surgiu uma intitulada “Sopa de Tomate”, cuja letra ilustra bem os seus ingredientes, bem como o seu processo de confeção, não esquecendo o seu valor na alimentação alentejana e até os seus benefícios para a saúde. Na verdade, uma letra interessante, um verdadeiro hino à gastronomia alentejana, que facilmente entrou no ouvido dos presentes e que motivou a sua repetição no encerramento do concerto.

Todos os leitores que me conhecem compreendem a minha particular atenção às questões da gastronomia local e regional, daí que me tenha fascinado este poeta popular ter optado por dedicar uma música a mais um prato tão apreciado no nosso Alentejo. Vários passos têm sido dados para recolher e salvaguardar a gastronomia alentejana e o facto de surgirem novas composições sobre esta temática é realmente de louvar, pois, mais do que satisfazer o ouvido, faz crescer água na boca e desperta o ouvinte para degustar o prato e assim continuar a valorizar esta vertente imaterial tão importante na região.

Ainda que não seja uma comida típica do Natal, sendo mais frequente na altura em que o tomate abunda nas hortas, a “Sopa de Tomate” foi, sem dúvida, uma boa forma de encerrar o concerto no Centro Cultural de Marvão e de nos despedirmos dos amigos de Fronteira que tão alegremente nos animaram.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Feliz Natal para TODOS!

por Jorge Rosado



Caros Amigos Marvanenses, chegamos à quadra Natalícia, um tempo para refletirmos e confraternizarmos, junto das nossas famílias. Para além da dimensão festiva desta data, faço votos para que este período, proporcione a todos um momento de paz, de partilha e de união.

Julgo que hoje, mais do que nunca, a nossa sociedade precisa de um espírito renovado de solidariedade. Através de gestos simples podemos melhorar a vida do próximo. Para isso não precisamos de aproveitar as fragilidades dos outros para engrandecermos os nossos atos de “generosidade”. Quando o queremos fazer de forma genuína, com o coração, não precisamos de levar as máquinas fotográficas e os assistentes: Apenas a BOA VONTADE, O SENTIMENTO e o ESPÍRITO NATALÍCIO DA ÉPOCA.
É precisamente aqui, que este nosso projeto, "Marvão para Todos", que agora nasceu, PROCURA FAZER A DIFERENÇA, PELA POSITIVA, COM RIGOR, TRANSPARÊNCIA E HONESTIDADE.

Estou AQUI porque acredito nesta equipa, na capacidade para alavancar o nosso Concelho de uma forma sustentável. Só podia estar AQUI: desde os 16 anos que trabalho para o nosso Concelho, tanto a nível associativo como profissional e a minha única bandeira sempre foi e será a do Concelho de Marvão! Sempre trabalhei com todos os executivos, de uma forma natural, enquanto os interesses do Concelho estiveram acima dos interesses individuais. Ergo a nossa bandeira com orgulho e podem contar sempre com a minha determinação para fazer a diferença, mostrar que é possível fazer muito mais com menos recursos.

Este é um momento de reflexão para TODOS: Devemos propor-nos a servir de forma genuína: É isso que os Marvanenses esperam dos responsáveis pelo nosso Concelho. Sem truques, sem subir a escada da Árvore de Natal para a Fotografia. Não podemos escrever aos Marvanenses apenas de 4 em 4 anos, para lhes cobrar os “favores” que não são mais do que uma obrigação.

Queremos contribuir para a construção de um Concelho melhor, mais justo. Temos esperança nos Marvanenses e nas instituições da nossa Terra, aquelas que para nós, são o principal motor do nosso Concelho. As pessoas são a nossa maior riqueza. Contem com a nossa determinação para apresentar novas ideias e novas formas de fazer acontecer, em EQUIPA. E, não menos importante, esperança na juventude, na sua capacidade de sonhar, de criar novas ideias e novas causas para o bem-estar de TODOS.

Desejo um Santo e Feliz Natal a todas as FAMÍLIAS MARVANENENSES. Podem contar connosco em 2016, para de uma forma construtiva, EM EQUIPA, continuarmos a encontrar soluções para o futuro do nosso Concelho!

Viva o Concelho de Marvão! Um Concelho que queremos para TODOS!

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Contos (tristes) de Natal...

Por João Bugalhão


Não escondo que nasci pobre numa das encostas da serra de Marvão. Nunca andei descalço, mas vivi mais pobre que muitos daqueles que hoje se dizem ou apelidam de “pobres” com carros à porta, refeições fornecidas por uma instituição, internet, Tv paga, etc.. Não tínhamos electricidade, televisão, nem tão pouco telefonia, brincávamos com cavalos de pau, bolas de farrapos que metíamos numa qualquer meia rota, matávamos pássaros com fisgas, fazíamos corridas de burros, só tomávamos banho no verão nos tanques da vizinhança, e roubávamos fruta nas hortas quando chegava o verão. Não íamos à missa, ou pelo menos eu não ia, nem no natal. Mas aprendíamos a lutar pela vida porque ninguém nos dava nada, e o culto da malandragem não era muito apreciado ou incentivado e apoiado.

Nesse tempo não se falava do pai natal com o saco das prendas vindo do pólo norte, num trenó puxado por renas. Havia, isso sim um sapatinho, às vezes roto, que púnhamos à chaminé na esperança que, pela manhã, lá aparecesse, deixado por um tal menino jesus um par de meias, ou umas “joaninhas” de chocolate que custavam meia-tostão e que ajudavam a aumentar as já adiantadas cáries dentárias. Uma ou outra vez, também por lá aparecia uma fatia de queijo flamengo, ou meio pacote de leite em pó ofertados pelo prior da paróquia que, dias antes dessa data, se encarregava de o distribuir pelas progenitoras dos gaiatos pobres da freguesia e, ao qual, meu pai chamava jocosamente o leite do padre, que ajudava a tingir o triste café preto nas manhãs do dia natal. Mas éramos felizes às vezes, como todas as crianças.

Não conhecia por isso as histórias dos tradicionais reis magos que, o senhor deus, encarregou de levar as prendas a seu filho humano, a não ser através dumas figurinhas de barro que os meninos mais abastados, ou na escola, punham no meio do musgo, juntamente com outras figuras ainda mais bizarras, onde se reuniam santos e animais, a que chamavam presépio. Muito menos conhecia os seus nomes como hoje sei: Melchior ou Belchior que ofereceu o ouro, talvez por ser branco ou seu representante, logo o mais rico. Gaspar, que ofereceu o incenso, talvez por ser amarelo e julgar-se já um chinês espiritualista. E Baltazar que, por ser preto, se contentou em ofertar “mirra”. Coisas da cabeça dos homens, pois não me parece que um deus, e por ter mais que fazer, alguma vez pensasse nisso.

Mas também não havia estórias tristes como as duas que hoje vos conto, a troco destas coisas do natal. Um natal mercantilista, de interesses, da caridadezinha, do faz de conta que sou cristão e tenho que praticar o bem nesta época do ano! Mas o que pretendem, no fundo, é a compra da consciência daqueles que, coitados, continuam pobres ou apelidados de tal, para que, quando chegar o dia das próximas eleições, os reembolsem com o seu votozinho de agradecimento. É a estratégia: toma lá um “chupa” agora, dá-me lá um voto naquele dia!

São assim as estórias dos “vouchers”(vales-oferta), com que o Melchior da autarquia de Marvão presenteou as criancinhas filhas dos funcionários da autarquia. Curioso é que, os tais “vouchers” de 25 paus cada um, para comprar um brinquedo não possam, ao menos, ser gastos nas lojas do concelho, que as há. Mas que levem logo a direcção (e o carimbo) para serem aviados numa superfície comercial em Portalegre, no caso o hipermercado E. Leclerc. A pergunta básica que há a fazer é: será através de medidas como esta que o Melchior (ou Belchior) marvanense pensa contribuir para o desenvolvimento da economia local? Ou então, porque é que o virtuoso “mago” não agarra em toda esta massa, e promove o tradicional almoço/jantar convívio de todos os funcionários e colaboradores autárquicos, como sempre se fez antes do seu reinado, que contribuiria para fortalecer o espírito de grupo! E, preferencialmente servido por um Restaurante do concelho?

São assim também as estóreas da entrega de cabazes de natal, que um tal deus norte alentejano (Rui Nabeiro), em boa hora, e certamente bem-intencionado, resolveu ofertar os mais desfavorecidos das terras em que tivesse paróquia a sua religião (Delegação da Delta). O que ele não sabe, nem sonha, é que um certo mago Gaspar marvanense, não amarelo mas cinzento, de quem se diz querer ocupar o lugar de Melchior, se presta, numa estratégia do vale tudo, a fazer as figuras que em baixo se reproduzem (com todo o respeito daqueles que foram bafejados pela sorte de serem os escolhidos), posando quase como se também fosse um pobrezinho, na companhia dos anjinhos camponeses (enviados pela Delta), para as fotos que a seguir mandou publicar no faceboock do município! Pergunto: será que a autarquia não tem técnicos da área social para fazerem este trabalho e tem de recorrer a um qualquer Gaspar para esta tarefa? Ou mais uma vez o que está em causa é a promoção eleitoral do figurante? Será que um vereador, pago a preço de incenso, não tem mais nada para fazer?


Finalmente, que restará ao 3º mago, Baltazar o rei preto, a quem calhará neste caso, não ofertar “mirra”, mas certamente a fava! Possivelmente cantar as janeiras quando chegar o dia 6 do primeiro mês do 2016!

Coitado do natal... 
      

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Mais um bom retrato da governação de Vítor Frutuoso...

Por João Bugalhão


É sabido por todo o distrito e região, que o presidente da Câmara de Marvão gosta um bocado de se armar e engrandecer, chamando a si, na primeira pessoa, os louros sobre o que de positivo se passa no concelho. No entanto, sempre que algo corre menos bem ou existem erros na sua governação, um dos seus apanágios, é responsabilizar sempre os outros, nem que sejam os mais próximos colaboradores, ou fazer-se de vítima e, dizer que foi enganado. Nada de menos bom do que se passa em Marvão tem a sua responsabilidade. Senão vejamos apenas 2 dos exemplos mais gritantes:
 
1 - Quando em 2013 surgiu a investigação do Ministério Público (MP) e Judiciária ao processo de concessão do Bar do Centro de Lazer da Portagem a uma firma de um seu vereador, imediatamente, em vez de assumir responsabilidades próprias, porque ele também sabia (ou deveria saber a lei das incompatibilidades) que a «Firma Sabores do Norte Alentejano» era do Vereador (porque ele lhe comunicou por escrito, assim como a todos os autarcas da altura e, porque é obrigatório por Lei), rapidamente quis sacudir a água do capote e responsabilizar apenas o referido vereador, queimando assim, mais um dos seus.

No entanto, ao que parece, agora que o processo foi mandado arquivar, por o MP ter achado que não foi lesada a coisa pública, (sem o isentar da ilegalidade cometida), e como já tinha feito constar publicamente a responsabilidade do vereador, com quem está em conflito e quer apear do próximo acto eleitoral; fechou a decisão na “gaveta”, e não a quis divulgar publicamente. Tendo que ser José Manuel Pires, na última Assembleia, por iniciativa própria, a fazê-lo;

2 – Há pouco tempo, Novembro de 2015, em mais uma trapalhada de adjudicação de Ajustes Directos, em que a Câmara de Marvão é a campeã distrital, no que diz respeito à prestação de serviços para manutenção da Rede de TV na vila de Marvão, e em que teve o desplante de levar uma proposta à Câmara de consulta de 3 Firmas com o mesmo dono, quando confrontado por Nuno Pires sobre todos os factos; não hesitou, imediatamente, em responsabilizar a Secção de Obras, e nomeadamente, o Engº Nuno Lopes, pelo sucedido (pelo menos foi o que disse em Reunião de Câmara). Naturalmente também foi esse funcionário o responsável pela entrega (mais uma vez por Ajuste Directo sem consulta a mais ninguém), do processo de medição dos terrenos da Celtex, ao seu próprio pai por 8 mil euros!

Com exemplos destes não admira, como se mostra em baixo, que no Ranking agora divulgado sobre o Índice de Transparência Municipal, Marvão ocupe em 2015 um honroso 184º lugar (em 305 municípios), e em 2014 ainda pior, apenas o lugar 280º. A nível distrital no universo das 15 Câmaras do distrito, Marvão em 2014 era o 13º, e em 2015 o 10º. Isto num município que mais parece uma empresa familiar, mais fácil de dirigir que saltar à corda. Um quintal com menos de 3 500 habitantes, e cerca 100 funcionários municipais. Mas com uma governação composta por 3 vereadores a tempo inteiro e um assessor-chefe (ou será encarregado de obras).

De quem será a culpa desta situação Sr. Presidente?

  Quadro 1 – Ranking nacional e distrital do Índice da Transparecia Municipal em 2015 e 2014




terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Um bom exemplo: Escolas do concelho ocupam os primeiros lugares em Ranking de avaliação distrital



É com enorme satisfação que o “Movimento Independente - Marvão para Todos”, vê as escolas do concelho ocuparem os primeiros lugares no Ranking de Avaliação dos Exames do 9º ano do ano lectivo 20014/2015. Só superadas por um Colégio privado de Elvas.  Tal situação torna-se ainda mais relevante por não ser a primeira vez que as escolas do concelho ocupam estes lugares cimeiros.

Quadro 1Ranking de Avaliação dos Exames do 9º ano do ano lectivo 20014/2015 no distrito de Portalegre



Por não ser todos os dias que se vêem indicadores sobre o concelho ocuparem estes lugares, está de parabéns toda a comunidade escolar do concelho, aqui reconhecido pelo "Marvão para Todos". E um desafio para que no futuro, e na comparação a nível nacional ainda se possa ir mais além!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Nós por cá (2) – 1 mês de publicações


De acordo com aquilo que achamos que deve ser a nossa prática de comunicar, o Blogue Marvão para Todos, periodicamente, por aqui irá fazendo o seu balanço, o ponto da situação sobre o nosso desempenho.

Fez ontem 1 mês que nasceu o Blogue Marvão para Todos, cuja missão á a dar a conhecer as ideias e as actividades do Movimento Independente com o mesmo nome, sejam elas individuais ou colectivas.

Ao longo deste 1º mês aqui publicámos 19 artigos, ou 19 Posts como se diz em linguagem blogosfera. Visitaram-nos cerca 1 800 visitantes, uma média de 60 visitantes ao dia; e estes visualizaram-nos cerca de 2 700 vezes, o quer dizer que vêm por aqui mais que uma vez ao dia.

Este foi o mês de arranque. Oxalá possamos melhorar no futuro. Contamos convosco, para nos continuarem a visitar e divulgar, mas também para nos enviarem as vossas opiniões, sempre que acharem conveniente. A porta está aberta.

A todos o nosso obrigado   

Gráfico 1 - Visualizações de página do Blogue Marvão para Todos no 1º mês de vida
           Fonte: Bloguer

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Marvão para Todos põe o “marvão político” a mexer...

por João Bugalhão


Não sei se terá a ver, nem tão pouco é alvo de qualquer reprovação, antes pelo contrário, ao menos que já tenhamos servido para alguma coisa! Mas que parece ser um facto, parece. Sem qualquer tipo de classificação ou valoração, vejamos:

Facto 1 – Em 31 de Outubro o Marvão para todos faz a sua apresentação




Facto 2 – Em 12 de Novembro o Partido Socialista afixou os seguintes cartazes no concelho:





Facto 3 – Em 18 de Novembro, o presidente da autarquia Vítor Frutuoso, dá entrevista ao Jornal Alto Alentejo reagindo à apresentação do "Marvão para Todos".





Facto 4 – Em 18 de Novembro, dois Membros da AM de Marvão do Partido Socialista, fazem comunicado no Jornal Alto Alentejo




Facto 5 – Talvez pela primeira vez na história de Marvão (?), que eu me lembre, o Partido Socialista vota contra o Orçamento 2016 e GOP 2016/2019, quer na Câmara quer na Assembleia Municipal. Veja-se aqui o comunicado do vereador Carlos Castelinho.


“Posição do Vereador do Partido Socialista, Carlos Castelinho, a propósito do Orçamento para 2016



A política não tem que significar sempre unanimismos e consensos, antes pelo contrário tem de respeitar as diversas opiniões e haver cedências pelo bem comum das populações.


Posto isto, o executivo liderado pelo PSD na Câmara Municipal de Marvão não soube fazer nenhuma cedência na execução das propostas do Partido Socialista apresentadas o ano passado para 2015. Acolheram e acomodaram essas Propostas no seu Orçamento e depois fizeram como quiseram, fizeram como sempre estão habituados a fazer.

O PS não deixará de dar o seu contributo ao Concelho de Marvão, antes pelo contrário vai reforçar a sua acção, aquilo que não vai ocorrer é mais nenhuma negociação de Orçamento com o PSD até final do Mandato. Os consensos quando não passam só do papel e da forma, levam a este tipo de consequências.

O ano passado chamamos aqui à atenção dos vereadores do PSD para a Almossassa, o Apoio ao Folclore e Música Popular, a Feira de Gastronomia, a Rota do Contrabando e o Orçamento Participativo. Ora, então pergunto, tiveram em linha de conta alguma das nossas sugestões?

O Bairro da Fronteira do Porto Roque continua sem tem uma única ideia, a política de Habitação está abandonada, não há uma única medida de saúde e inovação social e a política Cultural está estagnada.

Em suma, os Senhores do PSD estão há 10 em anos em Marvão. Este Orçamento é uma cópia dos 10 Orçamentos anteriores, o que não serve o futuro do Concelho de Marvão.”



Já começa a valer a pena... 

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Feira “Terra a Terra” – Ou o faz lá tu para ver se sabes fazer...

por Nuno Pires


Um dos eventos propostos pelo Partido Socialista (PS) nas suas propostas eleitorais de 2013, era a criação de um grande evento anual, a Feira “Terra a Terra” em Santo António das Areias, com vista a contribuir para o desenvolvimento económico local, e em simultâneo, um piscar de olho ao turismo do concelho para promover os produtos locais e, ajudar assim, os nossos produtores na divulgação e comercialização dos mesmos.

No final de 2014, através de proposta do PS de Marvão, o Executivo da CM de Marvão incluiu esta Feira no Orçamento de 2015, e agendou a realização da dita Feira em Abril, por altura das Festas São Marcos, na povoação de SA das Areias. Esta atitude levou a que, o Vereador do PS na câmara municipal, saudasse a iniciativa, fazendo constar até na Declaração de Voto sobre o Orçamento 2015 a seguinte referência. “Saudamos a inclusão da nossa proposta para a realização da - Feira Terra a Terra, que pode ser mais um evento que permita aos produtores locais a divulgação e escoamento de algumas das suas produções. Este evento servirá para incentivar os produtores locais e contribuir assim para uma dinâmica mais agressiva no desenvolvimento (...) do mercado de Páscoa. Fazemos votos que a organização deste evento possa ser de forma ambiciosa, com um planeamento adequado e com objectivos bem definidos. Só assim conseguimos deslumbrar resultados positivos.”

Figura 1 - O sonho!


Estava claro que, uma iniciativa destas com os contornos supra citados, os dirigentes do PS estariam a pensar numa “iniciativa” que, no futuro, pudesse rivalizar até, quem sabe, com os outros grandes eventos do concelho, como são a Feira da Castanha ou a “al mossassa” (cada uma à sua maneira); e não num pequeno evento tipo “mercado local semanal dos sábados”, um pouco mais composto, que foi o que, na prática, acabou por suceder. E foi assim porque, à boa maneira deste executivo, não se programou a Feira, fez-se tarde e a más horas em cima do joelho, não se implicaram os interessados, não se pediu ajuda a quem sabe...; e o resultado, foi aquele que se viu. 

Figura 2 - O resultado em 2015


Agora temos aí agendado, nas actividades para 2016, a II edição da Feira “Terra a Terra”, possivelmente no mesmo mês (Abril) e no mesmo local (SA das Areias), mas que mais parece o vê lá se não me chateias que isto só está aqui para te fazer a vontadeou, se queres faz tu para eu ver se sabes fazer! Pelo menos a julgar pelo que se lê na Acta da Reunião de Câmara do último dia 2 de Novembro e que aqui transcrevo, sobre como o assunto foi tratado entre o Vereador Castelinho e o Presidente Vítor Frutuoso: 

E assim é tratado o desenvolvimento económico em Marvão. Não admira assim que, sejamos um dos concelhos com piores indicadores económicos a sul do Tejo, e de quase todo o país.

Em minha opinião, concordo com a última resposta dada pelo Vereador Carlos Castelinho, não compete ao PS, enquanto partido sem pelouros atribuídos, andar a desenvolver actividades que cabem ao executivo, por isso é que lhes pagamos, e não é pouco: 3 dirigentes (1 presidente e 2 Vereadores) e um assessor a tempo inteiro. Mas, por outro lado, seria de bom-tom para o Partido Socialista, pelo menos apresentar um Projecto prontinho a executar, que nem seria muito difícil; e pô-lo em cima da secretária do Presidente Vítor Frutuoso. Se o executassem todo o concelho beneficiaria, e ficaria um bom exemplo de prática política.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Coisas giras vistas por aí sobre Marvão e os marvanenses (1)

por João Bugalhão

Esta é uma rubrica que quero ir postando por aqui. Coisas que vamos encontrando sobre Marvão e os marvanenses. Sobretudo, coisas giras, como lhe chamo. 

Hoje a que se segue, que encontrei na página do faceboock do amigo Caldeira Martins, e que partilho com os amigos do Marvão para Todos. Parece que o assunto até vem mesmo a propósito do Post anterior da Teresa. Não mudaram muito as coisas desde então! Oxalá o Florival tenha mais sorte!

Então vamos lá ao primeiro, em homenagem aos marvanenses Altaneiro e Pedro Sobreiro, Caldeira Martins e, o Cabo Dias. Outros lhe seguirão:

“Ainda fresquinho da Escola de Jornalismo, o Pedro Sobreiro voltou para MARVÃO. Com as ilusões próprias da idade, logo se atreveu à publicação de um jornal. O Pedro não é um qualquer pé-de-microfone: é culto, possuidor de uma prosa espontânea, escorreita, desembaraçada. Mais facilmente morreria por não escrever, do que por não respirar. O que, neste país de enganos, o obrigou a ir ganhar o pão noutro labor.

Recupero aqui o texto com que ajudei à festa do aparecimento do número zero do " Altaneiro" em Dezembro de 1997.

OS VELHOS DA CÂMARA

Aqui há uns anos, poucos, passei pelo Museu de Marvão para consultar um velho opúsculo sobre os tempos áureos das Termas da Fadagosa. Deixei-me de tal forma embrenhar na leitura, que só dei pelo sujeito quando ele se dirigiu à funcionária. Era um homem de meia-idade, baixo, envergando uma farda da Guarda-Fiscal que, ao tempo, ensaiava já os seus últimos estertores.

Ora, como para mim, paisano impenitente, os museus não parece fazerem parte dos itinerários habituais das forças militarizadas, achei por bem, meter um intervalo no assunto das águas sulfurosas e prestar um pouco de atenção ao gendarme.
O homem, de boné na mão, quase como quem pede desculpa, disse:
- Olhe, eu vinha comprar o livro de "Os velhos".

Queria comprar o quê? Tal como eu, a senhora, não percebeu. Assim, de chofre, se o visitante pretendia um livro dos velhos se, um livro de " Os velhos". De qualquer maneira, mal encaminhado vinha. Ele à procura de livros aqui a esta casa: os poucos livros velhos que havia não estavam à venda, e exemplares de " Os velhos", nem sequer um para amostra. E onde é que posso arranjar um? Terminou o cidadão.
-Ah, isso não sei..., respondeu a funcionária.

A que propósito vem este episódio ou, dito de outra maneira, onde é que está a moral desta estória? Um pouco à semelhança do que dizia Jorge de Sena em relação a Portugal e a Camões " maldito país este em que Camões morreu de fome e toda a gente enche a barriga á custa de Camões".

Também o concelho de Marvão todo se ufana por ter D. João da Câmara, já não digo como um dos seus filhos, mas pelo menos como um familiar muito chegado. E até, com a falta de imaginação que faz lei neste país, escarrapachou-lhe a graça nas esquinas de, pelo menos, uma rua e um largo. No entanto, o essencial, a sua obra, a parte da sua obra que mais de perto nos toca, morre à míngua do nosso interesse, sem ninguém que a reanime e a dê a conhecer às gentes de agora.

Para além do seu valor literário,"Os velhos" é um documento delicioso sobre a linguagem, os usos, a maneira de pensar dos marvanejos de há cento e vinte anos. Por isso, e citando João Apolinário, o poeta que em Marvão quis ficar para sempre, " é preciso, imperioso e urgente" que as instituições concelhias para isso vocacionadas, facilitem o acesso da população, não só à peça teatral, como também a estudos que sobre ela se debrucem. Poderiam começar, para já, pelas reedições da obra e de um estudo sobre a sua génese, do professor Manuel Subtil, que em 1954, a Câmara de Marvão patrocinou. Depois, é ganhar embalagem e ir por aí fora.

Impressionado pela curiosidade intelectual demonstrada pelo guarda, um dia lá lhe mandei para o Posto da Beirã o meu, "Os velhos", numa edição de1909 que, por ameaçar desintegrar-se, eu conservo com especial carinho. Mesmo sabendo que quem empresta não melhora, arrisquei. E não me arrependi.

A minha vénia, Cabo Dias.”

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Romance histórico Marvão e Ammaia - o Paraíso Prometido

por Teresa Simão

No passado dia 28 de novembro de 2015, teve lugar, na Casa da Cultura de Marvão, o lançamento do romance Marvão e Ammaia – O Paraíso Prometido, da autoria de Florival Lança e editado pelas Edições Colibri.



O presidente da Câmara Municipal de Marvão abriu a sessão, seguiram-se algumas palavras de Fernando Mão de Ferro, o editor, cabendo a apresentação desta obra a Emília Mena, Diogo Júlio e Fernando Gomes. As palavras finais foram proferidas, como é da praxe, pelo autor. Florival Lança, atualmente a residir em Corroios, mas natural de uma pequena aldeia de Santiago do Cacém, confidenciou-nos que encontrou a inspiração para a construção deste romance um dia em que visitou Marvão na Al–Mossassa. Ao passear de noite pelas ruas do burgo, sentiu que “todo o festival era intrínseco” e imediatamente começou a imaginar como teriam sido as vivências noutros tempos.



Ainda que, na minha perspetiva de marvanense e leitora, o lançamento fizesse mais sentido no castelo de Marvão ou na Ammaia, já que são espaços muito citados na obra, a Casa da Cultura acolheu nessa tarde um momento importante para a projeção do município de Marvão e para a dinamização da ficção sobre um espaço que a todos encanta; tanto os naturais/residentes, como aqueles que o visitam. Esperemos, pois, que este romance funcione também como um incentivo para o surgimento de futuras obras literárias e/ou que tematizem o potencial da região e das suas gentes.

Síntese e comentário à obra:

 

Prefaciado pelo medievalista Bernardo de Vasconcelos e Sousa, estamos perante uma obra cuja ação se desenrola essencialmente no território que hoje corresponde ao concelho de Marvão, em pleno século XI, num tempo de múltiplos conflitos entre cristãos e muçulmanos, bem como no seio dos diversos grupos que os constituíam.

Desde o início até ao final, este romance histórico revela-se um verdadeiro hino ao concelho de Marvão, pois muitas são as descrições hiperbólicas do território marvanense, sobretudo na zona amuralhada, na Ammaia e na zona dos Vidais. Ainda que a trama seja repleta de combates, vinganças, traições; Marvão, e em especial o espaço intramuralhas, é sempre apresentado como um espaço idílico, que transmite tranquilidade à maioria das personagens, um local onde se tem acesso à tão almejada paz – “vos dou as boas-vindas ao paraíso na terra: Marvão!”/ “Paz era Marvão!”.

A este espaço chega a família de Ibn Abu Talid e Zayra. Se para os adultos Marvão representava um lugar de sossego relativamente a outros espaços mais movimentados de onde vinham fugidos, um local “onde a roda do tempo mais parecia que não rodava”; para os mais novos foi uma desilusão, pois ali nada acontecia.

Quando tudo decorria dentro da normalidade e a família já estava perfeitamente enquadrada na comunidade local, eis que Ibn Abu Talid foi assassinado, o que veio originar uma série de mudanças no seio da sua família, ao ponto de um escravo, Mohamede, passar a assumir grande protagonismo e obrigar a viver mal a família que sempre o acolheu.

Os anos passaram e Ahmed Mottalib, o filho do casal, expulsou Mohamede de Marvão, o que veio a gerar uma sede de vingança que motivará muitos dos confrontos/ tragédias que se viverão neste território ao longo da obra, sendo o mais dramático a decapitação da jovem Dyamylya Yassin.

Morta a sua amada e descobertos alguns crimes encomendados por sua mãe, Ahmet Mottalib tornou-se um valente e perspicaz guerreiro, movido pela vingança,  que somente em Marvão encontrava o reencontro e a reconciliação consigo próprio, pois, para si, “era doença e bálsamo, alegria e solidão, enfim…uma droga” da qual não se queria libertar. Quando Badajoz foi invadido e Ahmet foi ferido pelos cristãos, voltou a refugiar-se em Marvão e aí o amor despertou nele novamente, desta vez pela jovem Iiarin. Embora pertencentes a religiões diferentes, a força desse amor levou-a a converter-se à religião muçulmana e assim tudo acabou em harmonia.

No final, o autor desafia o leitor, convidando-o a visitar Marvão e assim poder atestar se a lenda que apresenta será ou não verdadeira.

Recorrendo a diversas descrições, algumas até um pouco excessivas, o narrador conduz o leitor ao século XI e fá-lo sentir mais um membro de toda aquela comunidade, deambulando pelos trilhos de Marvão e vivendo de acordo com os costumes árabes. Uma trama interessante, apimentada com alguns crimes e a vontade de compreender as suas motivações, bem como os seus mentores, prende ainda mais o leitor, tornando a leitura, para além de agradável, viciante.

Estamos, assim, perante uma obra que aconselho vivamente a ler, quer ao leitor comum, quer especialmente a quem conheça Marvão, aqui tão bem retratado.


quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Razões para fazer parte do Movimento Independente “Marvão para Todos”

por João Bugalhão


Desde sempre a política me fascinou. Quando tinha 10 anos de idade, ainda no tempo do anterior regime, quando dormia em casa de minha tia Júlia, que já me enfiava na cama com a cabeça bem tapada e, com o pequeno Hitachi que o primo Joaquim tinha trazido da longínqua Moçambique colado ao ouvido, não perdia as notícias em "onda curta" da rádio Argel, Moscovo ou BBC, para me informar do que se falava e dizia lá fora sobre política. Porque por cá, a dita, era para a união nacional e pouco mais, pois a censura e a polícia política tudo controlavam a bem da nação.

Quando cheguei aos 16 anos já andava metido em greves e tudo o que fosse contestações ao Estado Novo, nomeadamente, à aberração da guerra colonial. Nunca percebi porque não fui dentro, talvez me considerassem um bom rapaz, ou quem sabe, inofensivo! Mas se o 25 de Abril não se tivesse dado em 1974, quando eu acabava de fazer 17 anos, não tardaria a malhar com os costados em Caxias ou no Aljube, ou dito de outra maneira, seriam mas é eles a malhar-me os costados. Mas antes dos 20 anos de idade já a coisa política e as “politiquices” me tinham desiludido. Percebi que aquilo não era coisa para mim, e até à entrada do século XXI, apesar de a acompanhar, política activa nem pensar.

Por volta do ano 2000, já entrado na “ternura dos 40”, e pela paixão que o meu concelho me despertava lá voltei e, logo em 2001, haveria de ser eleito para a Assembleia Municipal de Marvão (AM), nas listas do PSD (porque era nesse partido que estavam as pessoas que trabalhavam na maioria das  associações, no trabalho voluntário), desenvolvendo ao longo desse mandato uma oposição feroz, mas frontal e construtiva, ao executivo PS de então liderado por Manuel Bugalho.

Foi assim que, por volta de 2004, após ter ajudado a fundar em Marvão a 1ª Secção Concelhia do PSD, onde fui eleito em 2 mandatos consecutivos vice-presidente, que começámos a trabalhar numa alternativa ao executivo PS. Fui assim, em 2005, um dos primeiros proponentes e apoiantes da candidatura de Vítor Frutuoso e mais um grupo de boas pessoas, alguns bastante jovens (outros nem tanto), que entraram na política por minha mão, nomeadamente, e que me lembre: Fernando Bonito, João Carlos Anselmo, José Manuel Baltazar, Cláudio Gordo, Rui Boto, Isabel Silva, etc. E só não estive na contratação de Pedro Sobreiro porque alguém se antecipou; e do Nuno Pires que, por essa altura, dizia que tinha mais que fazer do que se dedicar à política, mas tentei-o.

Por essa altura fui um dos mais ferrenhos defensores e lutadores pela candidatura de Vítor Frutuoso junto das instâncias distritais e nacionais que o não queriam (pois a preferência e escolha desses órgãos era outra: Joaquim Barbas), e sem qualquer modéstia e se um dia me quiserem fazer justiça, um dos obreiros (e não foram muitos) da vitória do projecto do PSD e de Vítor Frutuoso em Marvão. Pelo menos na génese, que é onde tudo começa! Ou seja, no abrir os alicerces que é sempre o mais difícil. Depois, fazer parede, qualquer servente a levanta.

Mas as coisas não me correram bem. Certamente não estarei isento de responsabilidades e erros (ai esta forma de ser...), e ainda antes da eleição, eu, que até era Director de Campanha e vice da tal Secção, de quem se dizia ser o “braço direito” de Frutuoso, já achei melhor arredar-me da contenda, e contentar-me com um simples lugar de membro da AM. Mas nunca desisti, durante 6 anos (até 2011) participei, propus, lutei, defendi, dei a cara pelo projecto até que pude.

Mas por essa altura as coisas já não eram a essência daquilo que eu ajudara a criar. Os projectos de equipa de 2004/2005, tinham dado lugar a um exercício de poder centrado no “chefe” e no favorecimento de clientelas de amigos e familiares. A Concelhia que eu idealizara, enquanto espaço de debate e aconselhamento ao executivo, foi assaltada pelos rapazes do presidente (boys, como são designados), e depois destruída em lume brando (há mais de 5 anos que não há uma reunião). Outros valores se começaram a levantar (uns têm os “jovens turcos”, outros os “moços das mijas”. E eu, para isso, não sirvo), e desisti. Não fui o primeiro, antes de mim já todos os nomes que em cima citei o tinham feito. E a juntar a esses, temos ainda de falar de nomes como Carlos Sequeira, Joaquim Simão, Mário Patrício, Manuel Martins, João Manuel Lança e muitos outros, que davam para fazer uma nova Lista.

Estou assim há 4 anos. Tenho a minha “tribuna retórica”, faço umas investigações documentais sobre Marvão e as suas gentes, observo e chateio os mandantes, mando umas “bocas” e, pouco mais. Mas a paixão pela minha terra, pelo meu concelho, mantém-se. Quem um dia nasceu naquelas encostas, bebeu daquelas fontes, viveu no seio daquelas gentes, ou respirou aquele ar frio, não a pode esquecer. E vê-la definhar, mesmo quando comparada com os seus vizinhos mais próximos: C. de Vide; Portalegre, Arronches ou mesmo Monforte; custa. 

Foi por isso, que quando constatei que, aqueles que comigo estiveram no projecto de 2005 e mais uns quantos, estavam prontos a voltar ao “sonho”, ao planeamento, aos projectos de equipa, a por a câmara ao serviço das pessoas e não as pessoa ao serviço da câmara, a arregaçar mangas, a enfrentar um poder instituído a cheirar a bafio (para não ser mais deselegante), com tiques de autoritarismo “caciqueiro”, ao serviço de clientelas duvidosas, que não ouve aqueles que se querem expressar livremente (por isso destruíram as estruturas que tanto trabalho deram a criar como foi o caso da Concelhia do PSD e que só serviu para a usarem de rampa de lançamento e controlo aos seus projectos pessoais), quando os “cromos” que se perfilam para substituir Frutuoso ainda são mais duvidosos que o “mestre”; que só podia dizer:

- Contem comigo. E aqui estou para ajudar a construir o tal Marvão para Todos!
  

domingo, 29 de novembro de 2015

Reflexão sobre a Feira da Castanha - Festa do Castanheiro

por Nuno Pires

Quinze dias após a sua realização, depois de analisar e amadurecer o que vi, venho aqui deixar a minha opinião sobre a mais emblemática das actividades culturais do concelho de Marvão: a Feira da Castanha – Festa do Castanheiro.

A 32ª edição teve este ano a prestimosa colaboração do São Pedro como há muito não se via, que se encarregou de iluminar a bela vila de Marvão com um sol quente e radiante, contribuindo assim, para a boa disposição que era notória em todos os visitantes e colaboradores. À semelhança de outros anos não existiram muitas diferenças na programação de um evento que necessita, com alguma urgência, de ideias novas e de um plano de mobilização geral de modo a cativar os que nos visitam, atrair novos, e, deixar satisfação nos que organizam.



A realçar nesta edição, a ideia inovadora por parte de funcionários do Município, da criação de um Centro Interpretativo da Castanha, instalado na Casa da Cultura. Foi um espaço bastante visitado, onde se podia encontrar quase tudo sobre castanha e os castanheiros: bordados antigos com casca de castanha (dignos de museu), escadas em castanho, cestaria em madeiro de castanheiro, ou mesmo a aplicação deste fruto e seus derivados na gastronomia, artesãos a trabalhar ao vivo de onde há a destacar os bonitos quadros em casca de castanha da autoria da artesã Adelaide Martins.

A animação da feira contou nesta edição com espectáculos muito bem seleccionados pelo gosto e experiência de Hernâni Sarnadas, onde se destacou a alegria e capacidade de improvisar de “Augusto Canário e seus amigos”. Ainda do ponto de vista da animação, de referir a habitual presença das referências culturais do concelho: o Rancho Folclórico da Casa do Povo de SA das Areias, o Cant' Areias, e ainda a participação do Grupo “Vozes da Aldeia” que, apesar de mais recente, marcou presença com grande dignidade. E, no fim, a animação de Baile com o Grupo “Os Bate no Fole”.

Outra surpresa agradável foi a presença do Grupo de Teatro do Convento de Portalegre, representando uma acção de rua: reprodução de num directo de um canal de televisão. Importa referir aqui, que este Grupo de Teatro conta com a participação de vários residentes do concelho de Marvão, que se deslocam semanalmente para os ensaios a Portalegre, uma vez que o município deixou de considerar importante esta actividade nas actividades que vinham sendo desenvolvidas pela ACASM, actualmente, dedicada a “outras estratégias” para as suas acções!


A sensação com que venho ficando, há uns anos a esta parte, é que este é um evento totalmente desenvolvido pelos funcionários do município, colabores da SC da Misericórdia e Voluntários dos Bombeiros de Marvão, desde o planeamento, à programação e execução. E este ano, ao participar numa das reuniões preparativas da Feira confirmei o que suspeitava. Na verdade não é só a execução que é mérito destes protagonistas, eles são também o cérebro da Feira (“o Software”, utilizando expressões de Jorge Jesus) já que a maioria das acções de planeamento e programação estão também a cargo de alguns dos funcionários do Município, nomeadamente:

• A selecção dos artistas;
• A mobilização dos artesãos;
• A criatividade e preocupação em inovar;
• A respectiva operacionalização do evento.

Tudo isto são actividades desenvolvidas pelos funcionários anónimos (nem sequer os dirigentes se vêem implicados) e que, independentemente dos poderes autárquicos que governam, de ano para ano, lá vão garantido a notoriedade da Feira.

Mais um exemplo de descoordenação: Esta edição contou com a visita simpática dos 2 Deputados eleitos pelo Distrito de Portalegre: Dr. Cristóvão Crespo (PSD) e Dr. Luís Testa (PS). Não se compreende como é que os responsáveis políticos locais, nem tão pouco acompanharam os Deputados na visita à Feira, principalmente, no contacto com os nossos produtores, para se inteirarem das suas principais dificuldades. Isto para além de não cumprirem o seu dever de bons anfitriões. Esta era uma acção importantíssima desenvolvida antigamente pelos autarcas que tiveram a visão de criar este evento, que aproveitavam para tentar fazer chegar ao poder central algumas das dificuldades vividas no concelho, sobretudo no consulado do Presidente António Moura Andrade - um Presidente, de facto, para todos os marvanenses.


Este ano ainda não foram revelados as estatísticas de visitantes da Feira. Contudo, se em anos anteriores, as más condições climatéricas, têm sido a razão invocada para justificar a diminuição constante do número de visitantes que se tem vindo a verificar, este ano, o “nº 15.000 visitantes” lançado pelo Presidente do Município Vítor Frutuoso, só terá sido alcançado, graças à grande colaboração do São Pedro.

Em meu nome pessoal, enquanto marvanense e apaixonado por este evento, deixo um agradecimento aos funcionários do município envolvidos, aos produtores e artesãos que dão cor à feira e aos grupos de animação que deram a alegria necessária, para um fim-de-semana agradável em Marvão e, mais uma vez, contribuíram para o êxito desta Organização e do nome de Marvão. Mas, simultaneamente um reparo de censura para a pouca implicação dos nossos dirigentes autárquicos, que deveriam dar o exemplo de presença constante e de liderança do evento que é a rainha do concelho: A feira da Castanha/ Festa do Castanheiro.

Veremos na 33ª edição, quando já cheirar a eleições! Entretanto deliciem-se com algumas imagens da edição 2015.



sexta-feira, 27 de novembro de 2015

A política, a nossa terra e o “Marvão para Todos”.

por Fernando Bonito Dias


"O que se pretende construir através do movimento independente “Marvão para Todos” é, portanto, diferente. Pretende-se, com tempo, vincular pessoas a ideais, valores e estratégias, que tenham como ponto de partida as competências e de chegada a defesa do bem comum e o desenvolvimento do concelho. Quisemos, assim, começar pelos alicerces. Queremos construir compromissos fortes que não se desmoronem no dia seguinte às eleições. Queremos construir a tal equipa coesa e competente (alternativa à forma de fazer política atual) em conjunto com todos aqueles que se revejam nestes ideais, sejam eles indivíduos ou outras forças políticas."


A palavra “Política” afasta. Quase que assusta!

A maioria diz nada ter a ver com ela. Acham que a sua vida nada tem a ver com ela. Enganam-se! Esta atitude não é alheia ao comportamento de muitos dos políticos, que estão para se servir, em vez de servir. E decidem, com demasiada frequência, no sentido de beneficiar clientelismos. Transmitem, assim, a ideia que a sua atividade é indigna.
 
Mas não é. Ou não devia ser!
A ação política trata de escolhas; de decisões; da gestão dos variados fatores da vida em sociedade que a todos condicionam. A principal compensação para alguém que é escolhido pelos seus congéneres para os representar devia ser o orgulho de ser escolhido. E o seu principal compromisso devia ser servir! Por outro lado, o ideal seria que a decisão na hora do voto se baseasse no carácter e nas competências comprovadas dos candidatos. E as funções públicas dos eleitos fossem exercidas de forma transitória.
O problema é quando as pessoas vivem da política ou sobem substancialmente o seu nível de vida através dela!
Julgo que ao nível local o interesse pela “política” intensifica-se. Ou devia intensificar-se. Pois trata-se de escolhas, de decisões e da gestão dos variados fatores relativos à vida das gentes da nossa terra e ao futuro desta.
No momento da escolha, nas autárquicas, muitos pensam em pequenos benefícios próprios. Contudo, o mais importante para a generalidade dos munícipes seria colocar a gerir o concelho uma equipa dedicada, coesa, competente e com sentido de justiça, isto é, uma equipa capaz que colocasse o interesse geral à frente de interesses particulares.
Assim, todos ficariam a ganhar!
Construir uma equipa dedicada, coesa, competente e justa para gerir o concelho necessita de tempo. Pensar que isso se faz em cima das eleições e em torno de um candidato antecipadamente escolhido já se revelou, várias vezes, precipitado. Nessa altura, são os cargos para cada um e as promessas de favorecimentos para familiares e amigos que vinculam.
Após a apresentação do “Marvão para Todos”, muitos estranharam não apresentarmos já a equipa candidata. Não a apresentámos porque simplesmente ainda não existe e, sobretudo, por considerarmos que, para não acontecer o mesmo do passado, ela deverá ser construída!
O que se pretende construir através do movimento independente “Marvão para Todos” é, portanto, diferente. Pretende-se, com tempo, vincular pessoas a ideais, valores e estratégias, que tenham como ponto de partida as competências e de chegada a defesa do bem comum e o desenvolvimento do concelho. Quisemos, assim, começar pelos alicerces. Queremos construir compromissos fortes que não se desmoronem no dia seguinte às eleições. Queremos construir a tal equipa coesa e competente (alternativa à forma de fazer política atual) em conjunto com todos aqueles que se revejam nestes ideais, sejam eles indivíduos ou outras forças políticas.
O cerne da questão é encontrar as pessoas certas, que trabalhem em equipa, remando todos para o mesmo lado. E que trabalhem arduamente! Que tenham competências para desenvolver as várias áreas e que se dediquem a 100% à gestão do município.
Pretende-se, assim, unir. Aglomerar. Em torno deste grande objetivo.
Isto só seria possível através de um movimento independente, onde cabem todos os que comunguem destes ideais e aspirem construir a tal equipa, com aquelas características, independentemente das tendências ideológicas de cada um. Não quer isto dizer que sejamos contra os partidos. Eles desempenham um papel fulcral no nosso sistema democrático mas a política não se esgota neles. Os partidos, normalmente, promovem clivagens e têm características organizativas, como seja por exemplo a militância, em que muitos não se revêem.
Pensando no início deste texto e na ideia generalizada sobre a tal palavra, “política”, muitos estarão agora a questionar-se: mas haverá gente interessada na política marvanense que não seja para se beneficiar a si próprio ou à sua filha, irmã, cunhada, etc?
Há. Há, porque é urgente fazer diferente. Há, porque vale a pena lutar pela justiça na nossa terra e contribuir para colocar o concelho de Marvão no lugar a que deve aspirar. No mínimo, em lugar equivalente aos seus pares!
Com o tempo, muitos outros indicadores serão aqui dissecados… hoje, para análise e como exemplo, destaco (através de uma artigo do jornal “Linhas de Elvas”) aquele que me parece ser um dos mais importantes: o poder de compra”. Podemos verificar que, com apenas 67% da média nacional, o concelho de Marvão encontra-se destacado na cauda do distrito. Comparar mal com Portalegre, Elvas, Ponte de Sôr ou Campo Maior é normal. Mas estar substancialmente atrás de Monforte, Fronteira, Gavião, Castelo de Vide e… todos os outros…
É, digamos, sintomático!