por Nuno Pires
Quinze dias após
a sua realização, depois de analisar e amadurecer o que vi, venho aqui deixar a
minha opinião sobre a mais emblemática das actividades culturais do concelho de
Marvão: a Feira da Castanha – Festa do Castanheiro.
A 32ª edição
teve este ano a prestimosa colaboração do São Pedro como há muito não se via,
que se encarregou de iluminar a bela vila de Marvão com um sol quente e
radiante, contribuindo assim, para a boa disposição que era notória em todos os
visitantes e colaboradores. À semelhança de outros anos não existiram muitas
diferenças na programação de um evento que necessita, com alguma urgência, de
ideias novas e de um plano de mobilização geral de modo a cativar os que nos
visitam, atrair novos, e, deixar satisfação nos que organizam.
A realçar nesta edição, a ideia inovadora por parte de funcionários do Município, da criação de um Centro Interpretativo da Castanha, instalado na Casa da Cultura. Foi um espaço bastante visitado, onde se podia encontrar quase tudo sobre castanha e os castanheiros: bordados antigos com casca de castanha (dignos de museu), escadas em castanho, cestaria em madeiro de castanheiro, ou mesmo a aplicação deste fruto e seus derivados na gastronomia, artesãos a trabalhar ao vivo de onde há a destacar os bonitos quadros em casca de castanha da autoria da artesã Adelaide Martins.
A animação da
feira contou nesta edição com espectáculos muito bem seleccionados pelo gosto e
experiência de Hernâni Sarnadas, onde se destacou a alegria e capacidade de
improvisar de “Augusto Canário e seus amigos”. Ainda do ponto de vista da
animação, de referir a habitual presença das referências culturais do concelho:
o Rancho Folclórico da Casa do Povo de SA das Areias, o Cant' Areias, e ainda a
participação do Grupo “Vozes da Aldeia” que, apesar de mais recente, marcou
presença com grande dignidade. E, no fim, a animação de Baile com o Grupo “Os
Bate no Fole”.
Outra surpresa
agradável foi a presença do Grupo de Teatro do Convento de Portalegre,
representando uma acção de rua: reprodução de num directo de um canal de
televisão. Importa referir aqui, que este Grupo de Teatro conta com a
participação de vários residentes do concelho de Marvão, que se deslocam
semanalmente para os ensaios a Portalegre, uma vez que o município deixou de
considerar importante esta actividade nas actividades que vinham sendo
desenvolvidas pela ACASM, actualmente, dedicada a “outras estratégias” para as
suas acções!
A sensação com que venho ficando, há uns anos a esta parte, é que este é um evento totalmente desenvolvido pelos funcionários do município, colabores da SC da Misericórdia e Voluntários dos Bombeiros de Marvão, desde o planeamento, à programação e execução. E este ano, ao participar numa das reuniões preparativas da Feira confirmei o que suspeitava. Na verdade não é só a execução que é mérito destes protagonistas, eles são também o cérebro da Feira (“o Software”, utilizando expressões de Jorge Jesus) já que a maioria das acções de planeamento e programação estão também a cargo de alguns dos funcionários do Município, nomeadamente:
• A selecção dos
artistas;
• A mobilização
dos artesãos;
• A criatividade
e preocupação em inovar;
• A respectiva
operacionalização do evento.
Tudo isto são
actividades desenvolvidas pelos funcionários anónimos (nem sequer os dirigentes
se vêem implicados) e que, independentemente dos poderes autárquicos que
governam, de ano para ano, lá vão garantido a notoriedade da Feira.
Mais um exemplo
de descoordenação: Esta edição contou com a visita simpática dos 2 Deputados
eleitos pelo Distrito de Portalegre: Dr. Cristóvão Crespo (PSD) e Dr. Luís
Testa (PS). Não se compreende como é que os responsáveis políticos locais, nem
tão pouco acompanharam os Deputados na visita à Feira, principalmente, no
contacto com os nossos produtores, para se inteirarem das suas principais
dificuldades. Isto para além de não cumprirem o seu dever de bons anfitriões.
Esta era uma acção importantíssima desenvolvida antigamente pelos autarcas que
tiveram a visão de criar este evento, que aproveitavam para tentar fazer chegar
ao poder central algumas das dificuldades vividas no concelho, sobretudo no
consulado do Presidente António Moura Andrade - um Presidente, de facto, para
todos os marvanenses.
Este ano ainda
não foram revelados as estatísticas de visitantes da Feira. Contudo, se em anos
anteriores, as más condições climatéricas, têm sido a razão invocada para
justificar a diminuição constante do número de visitantes que se tem vindo a
verificar, este ano, o “nº 15.000 visitantes” lançado pelo Presidente do
Município Vítor Frutuoso, só terá sido alcançado, graças à grande colaboração
do São Pedro.
Em meu nome
pessoal, enquanto marvanense e apaixonado por este evento, deixo um
agradecimento aos funcionários do município envolvidos, aos produtores e
artesãos que dão cor à feira e aos grupos de animação que deram a alegria
necessária, para um fim-de-semana agradável em Marvão e, mais uma vez,
contribuíram para o êxito desta Organização e do nome de Marvão. Mas,
simultaneamente um reparo de censura para a pouca implicação dos nossos
dirigentes autárquicos, que deveriam dar o exemplo de presença constante e de
liderança do evento que é a rainha do concelho: A feira da Castanha/ Festa do
Castanheiro.
Veremos na 33ª
edição, quando já cheirar a eleições! Entretanto deliciem-se com algumas
imagens da edição 2015.
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