domingo, 29 de novembro de 2015

Reflexão sobre a Feira da Castanha - Festa do Castanheiro

por Nuno Pires

Quinze dias após a sua realização, depois de analisar e amadurecer o que vi, venho aqui deixar a minha opinião sobre a mais emblemática das actividades culturais do concelho de Marvão: a Feira da Castanha – Festa do Castanheiro.

A 32ª edição teve este ano a prestimosa colaboração do São Pedro como há muito não se via, que se encarregou de iluminar a bela vila de Marvão com um sol quente e radiante, contribuindo assim, para a boa disposição que era notória em todos os visitantes e colaboradores. À semelhança de outros anos não existiram muitas diferenças na programação de um evento que necessita, com alguma urgência, de ideias novas e de um plano de mobilização geral de modo a cativar os que nos visitam, atrair novos, e, deixar satisfação nos que organizam.



A realçar nesta edição, a ideia inovadora por parte de funcionários do Município, da criação de um Centro Interpretativo da Castanha, instalado na Casa da Cultura. Foi um espaço bastante visitado, onde se podia encontrar quase tudo sobre castanha e os castanheiros: bordados antigos com casca de castanha (dignos de museu), escadas em castanho, cestaria em madeiro de castanheiro, ou mesmo a aplicação deste fruto e seus derivados na gastronomia, artesãos a trabalhar ao vivo de onde há a destacar os bonitos quadros em casca de castanha da autoria da artesã Adelaide Martins.

A animação da feira contou nesta edição com espectáculos muito bem seleccionados pelo gosto e experiência de Hernâni Sarnadas, onde se destacou a alegria e capacidade de improvisar de “Augusto Canário e seus amigos”. Ainda do ponto de vista da animação, de referir a habitual presença das referências culturais do concelho: o Rancho Folclórico da Casa do Povo de SA das Areias, o Cant' Areias, e ainda a participação do Grupo “Vozes da Aldeia” que, apesar de mais recente, marcou presença com grande dignidade. E, no fim, a animação de Baile com o Grupo “Os Bate no Fole”.

Outra surpresa agradável foi a presença do Grupo de Teatro do Convento de Portalegre, representando uma acção de rua: reprodução de num directo de um canal de televisão. Importa referir aqui, que este Grupo de Teatro conta com a participação de vários residentes do concelho de Marvão, que se deslocam semanalmente para os ensaios a Portalegre, uma vez que o município deixou de considerar importante esta actividade nas actividades que vinham sendo desenvolvidas pela ACASM, actualmente, dedicada a “outras estratégias” para as suas acções!


A sensação com que venho ficando, há uns anos a esta parte, é que este é um evento totalmente desenvolvido pelos funcionários do município, colabores da SC da Misericórdia e Voluntários dos Bombeiros de Marvão, desde o planeamento, à programação e execução. E este ano, ao participar numa das reuniões preparativas da Feira confirmei o que suspeitava. Na verdade não é só a execução que é mérito destes protagonistas, eles são também o cérebro da Feira (“o Software”, utilizando expressões de Jorge Jesus) já que a maioria das acções de planeamento e programação estão também a cargo de alguns dos funcionários do Município, nomeadamente:

• A selecção dos artistas;
• A mobilização dos artesãos;
• A criatividade e preocupação em inovar;
• A respectiva operacionalização do evento.

Tudo isto são actividades desenvolvidas pelos funcionários anónimos (nem sequer os dirigentes se vêem implicados) e que, independentemente dos poderes autárquicos que governam, de ano para ano, lá vão garantido a notoriedade da Feira.

Mais um exemplo de descoordenação: Esta edição contou com a visita simpática dos 2 Deputados eleitos pelo Distrito de Portalegre: Dr. Cristóvão Crespo (PSD) e Dr. Luís Testa (PS). Não se compreende como é que os responsáveis políticos locais, nem tão pouco acompanharam os Deputados na visita à Feira, principalmente, no contacto com os nossos produtores, para se inteirarem das suas principais dificuldades. Isto para além de não cumprirem o seu dever de bons anfitriões. Esta era uma acção importantíssima desenvolvida antigamente pelos autarcas que tiveram a visão de criar este evento, que aproveitavam para tentar fazer chegar ao poder central algumas das dificuldades vividas no concelho, sobretudo no consulado do Presidente António Moura Andrade - um Presidente, de facto, para todos os marvanenses.


Este ano ainda não foram revelados as estatísticas de visitantes da Feira. Contudo, se em anos anteriores, as más condições climatéricas, têm sido a razão invocada para justificar a diminuição constante do número de visitantes que se tem vindo a verificar, este ano, o “nº 15.000 visitantes” lançado pelo Presidente do Município Vítor Frutuoso, só terá sido alcançado, graças à grande colaboração do São Pedro.

Em meu nome pessoal, enquanto marvanense e apaixonado por este evento, deixo um agradecimento aos funcionários do município envolvidos, aos produtores e artesãos que dão cor à feira e aos grupos de animação que deram a alegria necessária, para um fim-de-semana agradável em Marvão e, mais uma vez, contribuíram para o êxito desta Organização e do nome de Marvão. Mas, simultaneamente um reparo de censura para a pouca implicação dos nossos dirigentes autárquicos, que deveriam dar o exemplo de presença constante e de liderança do evento que é a rainha do concelho: A feira da Castanha/ Festa do Castanheiro.

Veremos na 33ª edição, quando já cheirar a eleições! Entretanto deliciem-se com algumas imagens da edição 2015.



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