terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Valha-nos a “sopa de tomate” e pouco mais para animar a quadra natalícia em Marvão

Por Teresa Simão




A convite do Centro Cultural de Marvão e integrado no programa de Natal dinamizado na freguesia de Santa Maria, no domingo à noite, dia 27 de dezembro atuou em Marvão o Grupo Coral de Fronteira.

Numa típica noite de inverno, fria e bastante ventosa, a animação das gentes do “vizinho” concelho de Fronteira ajudou a aquecer os presentes e garantiu boa disposição durante o serão. De lamentar, no entanto, que tanta gente se tenha deslocado graciosamente a Marvão para animar os munícipes e os marvanenses não tenham correspondido em maior número ao seu esforço e dedicação, optando pelo recato dos seus lares em vez de aproveitarem as poucas iniciativas que surgem nesta quadra festiva. Sim, porque se não fossem as associações a traçar um programa para esta época do ano, em Marvão o período do Natal e de fim de ano não passaria de mais um igual a tantas outros, sem praticamente animação nem iniciativas para cativar e fixar quer os residentes, quer os turistas.

Por todo o lado abundam programas culturais alusivos ao Natal e às celebrações do ano novo, são dinamizadas pelas autarquias múltiplas iniciativas para celebrar esta quadra festiva e promover animação tanto para os filhos da terra, como para aqueles que a visitam. Em Marvão, para além de uma simbólica iluminação e do mercado de Natal (depois de muita pressão dos produtores), pouco mais foi planeado. Na verdade, no nosso concelho já nos vamos habituando a não contar com nada de novo, o que também tem contribuído, a meu ver, para a desmotivação dos marvanenses em aderir ao pouco que ainda existe.

Mas voltando ao Grupo Coral de Fronteira, com apenas um ano de existência, este grupo de quase 30 elementos trouxe a Marvão músicas típicas do Alentejo e um já vasto reportório próprio, imaginado por um dos seus elementos, o simpático senhor Machado. Entre as canções inéditas, eis que surgiu uma intitulada “Sopa de Tomate”, cuja letra ilustra bem os seus ingredientes, bem como o seu processo de confeção, não esquecendo o seu valor na alimentação alentejana e até os seus benefícios para a saúde. Na verdade, uma letra interessante, um verdadeiro hino à gastronomia alentejana, que facilmente entrou no ouvido dos presentes e que motivou a sua repetição no encerramento do concerto.

Todos os leitores que me conhecem compreendem a minha particular atenção às questões da gastronomia local e regional, daí que me tenha fascinado este poeta popular ter optado por dedicar uma música a mais um prato tão apreciado no nosso Alentejo. Vários passos têm sido dados para recolher e salvaguardar a gastronomia alentejana e o facto de surgirem novas composições sobre esta temática é realmente de louvar, pois, mais do que satisfazer o ouvido, faz crescer água na boca e desperta o ouvinte para degustar o prato e assim continuar a valorizar esta vertente imaterial tão importante na região.

Ainda que não seja uma comida típica do Natal, sendo mais frequente na altura em que o tomate abunda nas hortas, a “Sopa de Tomate” foi, sem dúvida, uma boa forma de encerrar o concerto no Centro Cultural de Marvão e de nos despedirmos dos amigos de Fronteira que tão alegremente nos animaram.

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