O dia 21 de Novembro de 2015 ficará na história desportiva do concelho de Marvão, já que, pela primeira vez, recebeu um jogo da Taça de Portugal de Futsal. Foi também a 2ª vez que o Distrito de Portalegre contou com 2 Equipas participantes na 2ª Eliminatória desta competição.
Para mim, no lado positivo desse dia ficam, sobretudo, as memórias do bom jogo e da Festa da Taça no Pavilhão Multiusos de Santo António das Areias. Foi o alcançar de um sonho: Trazer um jogo desta importância para Marvão e para Santo António das Areias.
O
Arenense foi eliminado mas saiu de cabeça erguida, pois defrontou uma equipa de
um escalão superior (2ª divisão nacional), numa tarde em que todos os jogadores
foram buscar forças e qualidade, fruto de uma motivação que naturalmente surge
neste tipo de jogos. Foi um dia inesquecível pela forma exemplar como decorreu
a organização do jogo e, a merecida recompensa pelas longas semanas de
preparação para que tudo pudesse correr da melhor forma.
ESTOU
POIS MUITO ORGULHOSO POR TUDO, E GRATO A TODAS AS PESSOAS QUE AJUDARAM NA COLABORAÇÃO DESTA ORGANIZAÇÃO, TORNANDO ASSIM POSSÍVEL EXECUTAR O QUE ESTAVA
PROGRAMADO.
No
entanto, nem tudo foi positivo neste dia. Pois uma organização deste nível veio
mostrar à evidência as deficiências da infra-estrutura do jogo – O Pavilhão Multiusos, que envergonha
qualquer marvanense que sinta orgulho na sua terra.
Imaginem vocês, o que é convidar amigos
para irem a nossa casa e, depois, não termos, ao menos, cadeiras para eles se
sentarem e poderem estar minimamente confortáveis...
É isto
que se passa no Pavilhão Multiusos de Santo António das Areias, um projeto
deficiente que nasceu torto, e que resulta, sobretudo, de falta de
sensibilidade desportiva do actual executivo marvanense.
No
passado sábado, enquanto anfitrião que recebe amigos, senti-me envergonhado ao
acompanhar o presidente do ADR Tires
Futsal para a bancada. Tínhamos reservado uma zona para 30 adeptos
adversários (que foi o que nos pediram), mas desde logo os avisei que não
tínhamos condições de visibilidade sentados. Mostrou-se compreensivo, mas disse: “só tenho pena
é do meu pai que não consegue estar de pé, e o que ele adora ver o neto a
jogar”!
Estavam aproximadamente 150 pessoas no Pavilhão Multiusos, uns
de pé em cima de mesas e tabelas de basquete, outros dependurados da estrutura
na última fila da bancada para verem apenas 80% do recinto de jogo. É o desenrascanço à portuguesa!
Na 1ª
parte acompanhei o presidente da Associação de Futebol de Portalegre (AFP), que
nos deu a honra de nos visitar, ficámos em pé, encostados à parede do espaço de
arrumos existente, pois não existem condições para podermos receber de outra
forma.
Na 2ª
parte fui para junto dos adeptos do Tires, para perceber se tudo estava a
correr bem e, logo verifiquei, que o tal senhor (o pai do presidente do Tires)
ficou a maior parte do tempo sem ver o jogo porque, ou estava sentado e não
via, ou estava de pé e não aguentava. Isto apesar de existir espaço para se
poderem sentar talvez cerca de 50 pessoas, como se pode ver na foto em baixo!
Lembro
que este Pavilhão foi alvo de obras de requalificação recentes em 2012, pelo
que, estes erros resultam somente da falta de visão, planeamento e capacidade
de ouvir do actual executivo camarário. Deveriam observar e perceber como, com
trabalho associativo voluntário, é possível desenvolver modalidades desportivas
de forma quase profissional, o que deixa ainda mais evidente erros de projetos
como este, e dos responsáveis que não acreditam na capacidade das suas gentes.
Às
vezes interrogo-me, qual teria sido o pensamento dos nossos responsáveis
autárquicos quando planearam este projeto, senão vejamos:
1.
Comprou-se um piso dos melhores
a nível distrital para a prática desportiva! O que desde logo indiciava que,
perante um investimento destes, estariam a reunir condições para o
desenvolvimento e prática da modalidade;
2. Destruíram a bancada para mais de 200 pessoas que
existia, para construírem uma “cozinha” que se utiliza uma única vez por ano! Mas
agora adquiriram um terreno na Portagem, onde se diz que pensam fazer infra-estruturas
idênticas e para o mesmo fim (festa do idoso e afins); a julgar pelas conversas
do presidente em reuniões de câmara. Interrogo-me se, no futuro, se irá
continuar a utilizar a infra-estrutura de SA Areias para essas actividades
“festivas”!
3. Entretanto
gastaram-se 45.000,00€ na bancada que ninguém utiliza por falta de
visibilidade! Como é possível construir uma estrutura destas, deitando fora tão
avultadas verbas, sem que antes se certificarem se teriam condições de funcionalidade;
4. Efetuaram-se
marcações do recinto de jogo, sem envolverem a AFP, fazendo-o de forma errada!
O que originou um (re) investimento, segundo informações do presidente, a
rondar os 5.000,00€ para que este jogo pudesse ser realizado em SA Areias.
5. Construíram-se
balneários para os árbitros sem acesso direto ao recinto desportivo! Que faz
com que, os mesmos, tenham que ir pela rua, passarem pelo meio do público, para
terem acesso à sua cabine.
6. Etc., etc.
Na
última vez que discuti este assunto com o presidente da autarquia, fiquei
surpreendido com a sua desculpabilização destes erros, afirmando que a obra
tinha sido financiada a 80%! Como se, pelo facto de se ter financiamento exterior,
se possam desculpar tantos erros crassos, que poderiam ser evitados se se
ouvissem as pessoas que sabem da área desportiva. Enfim, nunca vi um Pavilhão
com tanto erro de projeto e com uma utilização que justifique estas opções.
Neste
dia, exceptuando o vereador do desporto José Manuel Pires (que honra lhe seja
feita, tem sido uma presença habitual e uma voz de apoio ao Futsal do GDA), não
vi o Sr. Presidente do Município de Marvão, nem tão pouco o Sr. Vice-presidente
por lá! Espero que não voltem a dizer que não estiveram porque não foram
convidados, porque isso não corresponde à verdade.
Possivelmente não estiveram, porque sabiam que não havia lugares sentados!...
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