segunda-feira, 4 de abril de 2016

Ainda a propósito da gestão do Castelo de Marvão...

Por Nuno Pires

Agora que a poeira parece ter assentado venho aqui manifestar, publicamente, a minha opinião acerca da novela da gestão do Castelo de Marvão.

Assistimos nestes últimos 2 meses a reuniões de câmara inéditas, com a presença de muito público, quiçá insatisfeito, com a solução que o Município anunciou para a futura gestão do Castelo de Marvão: Entrega à Fundação Ammaia. Reuniões carregadas de emoção, e reuniões em que o Presidente Vítor Frutuoso, apesar de saber da importância dos assuntos a discutir, decidiu primar pela ausência numa dessas reuniões e meter férias!

Assistimos também a uma Assembleia Municipal bastante participada e que terminou de forma muita acesa, em que a problemática do Castelo foi mais uma vez abordada e onde uma proposta, apresentada pela bancada do Partido Socialista e aprovada por unanimidade, parece ter contribuído para um serenar de ânimos (pelo menos por enquanto), ao propor que a gestão do Castelo de Marvão fosse feita directamente pela Câmara Municipal.

Em minha opinião estes episódios tristes só se verificaram porque infelizmente as partes envolvidas não souberam separar o que são opiniões diferentes, e, em Marvão reina a teoria de que “....se não concordas comigo és contra mim”! Isto para não falar da teoria do medo, que por muito que queiram contrariar, dizendo que não existe, ela anda por aí e a influenciar muito mais do que parece, mas felizmente que vão sempre aparecendo alguns mais corajosos que pelo menos não se calam.

A relação do município com o Centro Cultural de Marvão nunca foi saudável e isso tornou-se evidente na declaração de voto proferida pelos vereadores do PSD aquando da proposta para que o Centro Cultural fosse reconhecido com a medalha de mérito municipal, no último 8 de Setembro. Só uma gestão muito medíocre justificaria o tratamento dado por parte do executivo, a um parceiro que cuidou e implementou dinâmicas no Castelo de Marvão. Mas que foi, no entanto, reconhecida e valorizada por muitos, como se provou pelas diversas manifestações da população.

Num concelho como Marvão é necessário proteger, reconhecer e estimular quem faz bem, e trabalha como voluntário e atinge objectivos propostos. Tal deveria ser motivo mais do que suficiente para não existirem razões para o tratamento que o município entendeu dar ao Centro Cultural de Marvão. Pelo que, ao Centro Cultural de Marvão deveria ter sido confiada a possibilidade de continuar a desenvolver o seu trabalho, contribuindo também assim para a estabilidade de quem, no interior do Castelo, desenvolve os seus negócios.

O comportamento do município de Marvão, que deveria ser de estimular e aglutinar, é cada vez mais de clivagens e de separação de pessoas, o que, no mínimo, é muito triste. Somos tão poucos que, só unidos, será possível marcarmos a diferença e competirmos com o exterior. Com isto não estou a pensar que, também a Fundação AMMAIA não viria a fazer um bom trabalho. Mas porquê alterar, o que por si, já era motivo de satisfação?

Segundo diversas intervenções do Sr. Presidente do município acerca da gestão do Castelo por parte do Centro Cultural, é que “ Foi boa, mas poderia ser muito melhor….”. Esta frase permite-nos ambicionar algo de muito positivo para a gestão futura do Castelo nos próximos tempos, pois quem consegue avaliar o que foi bom, mas manifestar a ousadia de fazer muito melhor, é porque reconhece que tudo aquilo a que o Centro Cultural se propunha para continuar com a gestão é perfeitamente possível e ainda melhorar.

Perante tal afirmação, e agora que gestão do Castelo está sob a alçada directa do município, esperemos que se faça jus à afirmação do Presidente da Câmara na Assembleia Municipal de 19-2-2016:

“...a gestão do Castelo foi boa, mas vai ser, a partir de agora, muito melhor!”

OXALÁ...

O Centro Cultural propôs uma parceria interinstitucional que integraria a Ammaia, a Associação de Jovens Maruam, a Santa Casa de Misericórdia de Marvão, que pode ver aqui

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